Muitos arquitetos gostam – ou pelo menos não se importam – com os holofotes da fama. Contudo, os arquitetos vencedores do Guggenheim Helsinki defendem que a “arquitetura é mais bem concebida em reserva e introspecção”.
O escritório parisiense Moreau Kusunoki Architectes foi o vencedor da controversa concorrência para o projeto arquitetônico do Guggenheim Helsinki – alguns críticos fizeram objeções à marca americana ocupar uma área tão importante da capital finlandesa.
Controverso, mas ao mesmo tempo considerado uma das concorrências mais importantes dos últimos anos, o grupo de finalistas teve como contemplados seis arquitetos emergentes.
Os arquitetos vencedores, que têm evitado a atenção da mídia desde a fundação do escritório em 2011, têm grandes chances de não conseguirem mais se esconder dos olhares internacionais com o projeto arquitetônico do Guggenheim Helsinki, visto que a presença de uma grande instituição de artes americana no meio da capital da Finlândia vai certamente ter um grande significado para a região.
Nicolas Moreau e Hiroko Kusunoki, fundadores do Moreau Kusunoki Architectes, declararam: “nós deliberadamente contemos todas as formas de atenção da mídia, na crença de que a arquitetura é mais bem concebida em reserva e introspecção, que são favoráveis para o surgimento de visões poéticas”.
No projeto arquitetônico vencedor, um conjunto de pavilhões conectados por pátios ajardinados compõem a cena, além de uma torre contendo um restaurante, e uma ponte de pedestres que liga o museu à cidade.
A torre é uma referência à rotunda do prédio de Guggenheim de Nova Iorque, projetado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright.
Com exceção da faixa de vidro que reveste o topo da torre – proporcionando vista para a zona portuária da cidade –, as demais estruturas serão revestidas com madeira carbonizada – uma referência aos tradicionais tratamentos de madeira tanto da Finlândia como do Japão (os arquitetos têm forte influência nipônica em suas carreiras).
Luzes dentro da torre iluminarão a ponta da estrutura à noite como se fosse um farol.
Para os arquitetos envolvidos, “a pesquisa de materiais e o renascimento do know-how tradicional é central: uma chance de libertar a arquitetura das amarras impostas pela arregimentação e pela indústria, um ato tanto estético como militante”.
Para Juulia Kauste, diretora do Museu de Arquitetura Finlandesa, o projeto arquitetônico de Moreau Kusunoki tem o potencial de ser uma adição bem vinda ao cenário cultural já ativo da cidade. “Ele promete criar uma dinâmica interessante entre o espaço flexível da rua e as galerias, permitindo à arte ter uma presença forte em todos os momentos. A escala da construção é de certo modo intimista, ainda que sua forma incomum proporcione presença na cidade”.
“A arquitetura tem que dar alguma emoção, tem que trazer poesia para a sociedade”
O júri considerou “o projeto profundamente respeitoso ao lugar e à estrutura, criando um campus de pavilhões conectados fragmentado, não hierárquico, horizontal, onde arte e sociedade podem se encontrar e se misturar. As conexões entre os pavilhões foram bem consideradas para permitir uma experiência contínua da galeria, se desejado”.