Hotel francês ganha anexo com ar sensorial e espiritual
“Eles tinham um desejo profundo de fazer mais por seus hóspedes, dar a eles serenidade e calma, um lugar para contemplar a natureza”, um anexo com atmosfera “sensorial e espiritual”, um abrigo para corpo e alma. Esse foi o único pedido que os famosos arquitetos Patrick Jouin e Sanjit Manku receberam quando foram contratados para expandir o Hôtel des Berge e adicionar um spa.
O hotel fica em Illhaeuser, na França, e é conhecido pelo seu restaurante, o Auberge de l’Ill, que abriu suas portas em 1882 e ganhou por três vezes a estrela Michelin. A arquitetura zen do hotel lembra a forma dos antigos celeiros da região de Alsácia, mesclada com traços dos antigos banhos romanos, uma pegada do estilo americano Shaker e mais uma boa dose de traços contemporâneos. E é nessa mesma linha arquitetônica que segue o anexo criado pelo escritório de arquitetura Jouin Manku.
Os arquitetos usaram como referência as casas de ‘contos de fadas’ em estilo Enxaimel e o estilo dos celeiros, longos e estreitos, que originalmente eram usados para secagem de tabaco. Os telhados super inclinados do anexo também lembram a arquitetura típica da região, enquanto a maior parte do exterior é revestida em carvalho. Ali, uma composição formada pelas lâminas de carvalho suspensas de frente para varandas, apoiadas por colunas de carvalho e protegidas pela saliência do telhado, refletem poeticamente na piscina do hotel.
Os arquitetos escolheram uma paleta de materiais básicos para compor o interior: madeira, pedra e concreto. Aliás, o concreto foi o maior desafio para eles: “não deixa margem para erros, não dá para consertar nenhum erro”.
Um detalhe se sobressai nas paredes de concreto: um delicado desenho de folhas de salgueiro, que foi o que deu nome ao spa: Spa des Saules, ou Spa dos Salgueiros, na tradução. No interior do spa, assentos aquecidos tomam o formato de um bumerangue gigante, que foi feito usando spray de concreto em uma moldura.
O spa tem quatro salas de tratamento, uma sauna e uma área de banho à vapor, e mais um grande espaço com duas piscinas de imersão.
Para uma experiência mais particular, de ver para fora, e não ser visto, cada uma das varandas pertence a uma das cinco suítes juniores. O interior delas é bem similar: carvalho, camas king-size independentes com cabeceiras mais altas cobertas com tecido que dão um leve toque de cor. As cabeceiras integram os criados-mudos e luminárias e servem de divisória, separando a área de dormir da área de se trocar e dos banheiros. A mobília é praticamente toda customizada, sem detalhes como maçanetas, puxadores e dobradiças.
Para completar em grande estilo esse ambiente sensorial e espiritual, os arquitetos também fizeram uma sala de meditação que, de um lado conta com vários nichos de ‘solidão’. A sala também tem uma design interior discreto, mas com um sistema de som moderno, projetos invisíveis para vídeos e fotos, e um piano eletrônico. Como os arquitetos disseram, “o contemporâneo pode ir muito bem com o tradicional. Existe uma bela sofisticação.”
Projeto de arquitetura de Jouin Manku
Local: França
Ano: 2016
Fotografias de Nicolas Mathéus